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"Onde estejas e por onde passes, sempre que possível, deixa algum sinal de paz e luz para aqueles irmãos que estão vindo na retaguarda, a fim de que não se percam do rumo certo." - Emmanuel

sexta-feira, 26 de junho de 2009

APRENDENDO A LIDAR COM O ORGULHO




Este sentimento separa-nos dos outros e só traz atraso para nossas vidas. Mas, com atitudes simples e cotidianas, podemos minar a base que o sustenta até libertarmo-nos dele.

Vamos hoje falar sobre os sentimentos de orgulho, o orgulho que os separa de todos os homens, dos irmãos e também de Deus. O orgulho é o sentido da separatividade. Está calcado no medo - no medo de ser subjugado, no medo de não ser amado, no medo da negação, da anulação, da morte em última análise. O que conseguem com atitudes orgulhosas? Muitas coisas. Principalmente, permanecer estagnado em seus níveis e padrões de pensamento. Veja que, pelo orgulho, quantas coisas já aconteceram em sua civilização.

O orgulho impede de darem o braço a torcer, como dizem. Que imagem forte, essa, dar o braço a torcer, e que doloroso! Abandonar o orgulho parece doloroso; é como se tivessem que, ao renunciar a ele, transformar-se nas últimas criaturas da Terra. O orgulho parece colocar-lhes de pé, parece ser sua proteção e sua identidade. Mas ele provoca grandes atrasos em suas vidas. O orgulho os afasta dos outros, em primeiro lugar. Ao não abandonarem sua opiniões, seus conceitos, suas próprias verdades, não entram em acordo com os outros nem se permitem modificar. O orgulho é algo que precisa ser combatido e eliminado. Ele fala fundo, sabemos, é aquele senso também de resistência, de não-entrega, de não-mudança. Mas, vejam que, enquanto tiverem orgulho, têm também conflito, têm guerras, têm desentendimentos, têm sofrimento. Quanto mal lhes traz esse sentimento humano!

É possível abrirem mão do orgulho, é possível abandonar essas posições rígidas em favor da Unicidade? Sim, e alguém tem de dar o primeiro passo. Alguém tem de começar para permitir ao outro fazer o mesmo, e aí está o grande dilema: como eu vou abrir mão do meu orgulho e ceder à vontade e aos caprichos do outro? Ele vai me fazer vítima do orgulho dele, vai me fazer ser subjugado, submisso à vontade dele. Também não é assim. Abandonar o seu orgulho não significa sujeição, submissão, desde que tenham firmeza nos seus propósitos. Desde que continuem se pautando no que é melhor para si. O orgulho é um valor tão arraigado no comportamento humano que sequer imaginam o que seria suas vidas sem ele. Mas é sim possível manter-se no seu estado de valores, manter a dignidade, a integridade sem esse nefasto orgulho.

É ele que impede de pedirem desculpas, mesmo quando reconhecem estar errados. É o que os leva na direção contrária a que intimamente sabem ter de ir, só para não dar o braço a torcer, só para não fazer a vontade do outro. O orgulho impede de ser razoáveis, generosos, de procurar um ser querido, de dar algo de si para o seu semelhante. O orgulho é aquela coisa de eu não vou dar, me rebaixar e humilhar, porque ele vai se sentir o vitorioso. Pois a perda desse orgulho, a negação das atitudes que ele lhes pede e lhes incute a tomar, pode trazer efeitos e conseqüências realmente saudáveis para o seu ser.

Pedir desculpas; dar algo de si que a consciência, pesada e amargurada, pede que se dê; procurar o outro para uma reconciliação. Tantas atitudes são possíveis para quebrar esse orgulho. A regra é simples: o orgulho é o que os separa do outro. Então, a negação dele é tudo que os une ao outro. É por esse critério que devem se guiar. E verão que, como abrindo mão do orgulho, vocês ganham paz. Quando é uma atitude serena, realmente motivada pela tentativa de Unicidade, vocês não estão minimamente incomodados ou preocupados com o braço a torcer. Vocês saberão e se contentarão com a paz que a vitória sobre o orgulho lhes traz. Quem não se sente aliviado em confessar um erro, em pedir desculpas? Se o outro aceita o erro ou aceita as desculpas, realmente, é problema dele. O que importa é que vocês foram lá e pediram, tiveram essa iniciativa.

Perdoar é outra grande vacina contra o orgulho. Perdoar os erros alheios, as ofensas, o que se disse e magoou. Não se trata de deixar para lá, de tentar esquecer. Perdoar é liberar-se da carga que o orgulho impõe, da mágoa. Isso é perdoar. O perdão também alivia, tira todo um peso de seus corações. Se vocês podem pedir desculpas pelos seus erros, por que não podem tentar desculpar os outros pelos deles, não é mesmo? Agora, perdoar, para isso, não é preciso que o outro venha e lhes peça desculpas. Exigir a retratação do outro seria também uma atitude do orgulho. Perdoar pode ser algo íntimo, de você com você mesmo.

É até bom comunicar isso à pessoa: você não me deve nada, compreendo sua atitude, você talvez não a tomasse se pensasse melhor. Mas quero que saiba que não estou magoado, ressentido, que botei uma pedra em cima e pronto, passou. Perdoar alguém alivia o fardo da culpa do outro. É uma ato de extrema caridade, um gesto de grande unicidade, que liberta o outro de seus pesares - e vocês, de seu orgulho.

Veja que não é difícil livrar-se dos pesos emocionais, das energias incômodas que o orgulho, como ímã, está a atrair para vocês e suas vidas. Vejam que a humildade, a simplicidade, o reconhecimento da falha humana, seja em si ou no próximo, é tão libertadora. Se todos fossem livres para experimentar e errar, livres do orgulho que os manda também serem sempre os certos, a sociedade de vocês teria outros valores, outros rumos no trato com as pessoas. O orgulho guarda os ressentimentos, alimenta aquelas feridas e mágoas pela vida inteira.

Abrindo mão do orgulho, nem guerras teriam. O que é toda essa questão que vivem, por exemplo, a questão histórica da Palestina e de Israel senão uma grande rocha de orgulho? Por que não podem ceder um milímetro israelenses e palestinos em suas posições? Por causa do orgulho. Um não quer abrir mão do que acha que é seu, o outro não quer parar de opor resistência. Se um dos lados apenas dissesse bem, recapitulamos nossa posição, a partir de hoje queremos nos entender, não vamos mais brigar por isso, poderiam deixar até que mediadores neutros estabelecessem um acordo. O mundo todo tem grande interesse na paz entre esses dois povos, e, mesmo assim, está lá o orgulho das raças a insistir, insistir naquelas mesmas posições.

O orgulho é pernicioso para suas vidas, para sua paz. Ganhariam muito se pudessem se livrar dele. É possível irem fazendo isso nas pequenas coisas, nas pequenas vontades, nas picuinhas, como vocês chamam. Pedir desculpas. Ceder numa coisa não importante. Oferecer-se em ajuda quando solicitados, mesmo que aquela pessoa não tenha iniciativa de ajuda para com vocês. Ora, com pequenas coisas, podem ir minando a estrutura do orgulho, fazendo pequenos buraquinhos no alicerce dele, até que ele todo venha abaixo.

O orgulho os impede, muitas vezes, de desabafar, de contar algo que os oprime e incomoda. Tentem não permitir que ele lhes traga pesos e a manutenção de certas situações os oprimam. Tenham a atitude humilde e corajosa de ir lá e resolver. Confessar um erro, pedir desculpas, dar perdão em pequenas coisas de sua vida, vejam o alívio que isso traz. Livrando-se desses pequenos pesos vocês vão também tornando-se fortalecidos e lúcidos para tratar dos pesos maiores. É assim que se trabalha com esse terrível orgulho: aos poucos, e humildemente, começando com pequenas coisas. Os ganhos que terão os animarão a deixar de lado e resolver até as situações que, no seu julgamento de valor, são mais graves. Quando forem ver, estarão se reconciliando e se unificando até com grandes desafetos do passado. Estarão muito mais flexíveis em suas opiniões, colocarão a cabeça no travesseiro e poderão dormir em paz.

Abandonar o orgulho é como tirar um imenso peso de suas almas. E é mesmo: o orgulho a oprime, a impede de expressar-se com a beleza e a nobreza que lhe é peculiar, que lhe é própria como ser espiritual. Pensem nisso. Nos pequenos orgulhos que podem ser vencidos, nas pequenas atitudes cotidianas que vão livrando vocês do peso que orgulho acarreta em suas vidas, haverá um tempo em que todos, movidos pelo exemplo salutar de todos, estarão também dispostos abrir mão de seu orgulho - e se não estiverem, repito, vocês não têm nada com isso. Se você perdoa, mas o outro, naquele momento, não aceita o perdão, continua magoado ou bravo, o problema realmente não é seu. Seu problema é vencer o seu orgulho.

Se os outros quiserem permanecer orgulhosos, vocês não podem tomar uma iniciativa de perdão, por exemplo, com uma expectativa de contrapartida do outro, pois isso não é uma atitude completamente liberta do orgulho.

A atitude libertadora é sempre a que parte de você para o outro. Pode ser que, com suas atitudes, outros também venham e lhe perdoem, e desfaçam os mal-entendidos; outros que vocês nem esperavam. Porque vocês vão se desanuviando, vão rompendo as amarras de uma série de situações em sua vida. Dão o perdão para A, e são também perdoados por B. Na vida, a compensações podem não ser tão diretas, os retornos nem sempre vem do lado que se quer. Entender isso e contar com isso também é uma negação do orgulho: fazer sem esperar recompensa. Pensem nisso, meus filhos, e comecem a exercitar o desmonte do orgulho em pequenas e cotidianas situações de sua vida. Quando perceberem, a leveza que isso lhes trará não permitirá mais que o orgulho e as grandes resistências se sustentem.


Na paz e na luz de Deus me despeço,
Áprica

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