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"Onde estejas e por onde passes, sempre que possível, deixa algum sinal de paz e luz para aqueles irmãos que estão vindo na retaguarda, a fim de que não se percam do rumo certo." - Emmanuel

sábado, 29 de maio de 2010

O CRISTO E SUA DOUTRINA


Princípios essenciais transmitidos por Jesus à Humanidade

Os princípios essenciais transmitidos por Jesus à Humanidade estão claramente expostos nos Evangelhos, escritos e reescritos por dois de seus discípulos diretos (Mateus e João) e por outros dois, que colheram o que expuseram dos apóstolos diretos e da Mãe Santíssima (Lucas e Marcos).

Além dessas quatro obras essenciais, aprovadas desde os primeiros séculos do Cristianismo pela Igreja primitiva, vários outros Evangelhos foram escritos por diversos autores, entretanto, não tiveram a aceitação e a aprovação da generalidade dos cristãos.

Jesus não deixou qualquer escrito sobre os seus ensinos, transmitidos oralmente aos seus discípulos e ao povo em geral. Mas os Evangelhos enunciam, com toda clareza, os princípios básicos de sua Doutrina, transmitidos aos que procuraram segui-lo, desde os dias de sua presença entre os homens, até a época atual.

Eis o que se entende claramente de suas lições, reafirmadas posteriormente pelo Consolador que Ele pediu ao Pai fosse enviado aos homens, o qual já se acha presente junto à Humanidade, desde os meados do século XIX:

a) a paternidade universal de Deus, o Criador de tudo o que existe;

b) todas as conseqüências morais daí resultantes, inclusive a improcedência do politeísmo, até então dominante no mundo ocidental;

c) a eternidade da vida, que permite a cada Espírito a busca da perfeição (“o Reino de Deus”);

d) toda a Religião e toda a Filosofia resumidas numa só palavra: amor.

É do Mestre o ensino profundo, mas de tal simplicidade, que qualquer pessoa o guarda para sempre: “Amar a Deus sobre todas as coisas: e amar o próximo como a si mesmo”. (Mateus, 22:37-39.)

No Evangelho de Mateus (5:44- -48),1 encontramos os seguintes ensinamentos do Mestre sobre o amor ao próximo, que se apresenta tão difícil para a imensa maioria dos habitantes deste mundo de expiações e provas:

Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam; para serdes filhos de vosso Pai que está nos céus, o qual faz erguer-se o seu sol sobre bons e maus, e faz chover sobre justos e injustos. Porque, se não amais senão os que vos amam, que recompensa deveis ter por isso?

É o exemplo do amor que nos dá o próprio Criador, com sua tolerância e compreensão para com todas as suas criaturas, por mais rebeldes que sejam perante suas leis justas e eternas, que têm, em si, os próprios meios para a correção de todos os erros cometidos contra elas.

Em outro ensino popular a uma multidão de ouvintes, Jesus subiu a um monte, acompanhado por seus discípulos, e aí proferiu o célebre e incomparável Sermão da Montanha. Nele estão expressos, em traços inesquecíveis, os ensinos do Mestre sobre as virtudes humildes, próprias dos Espíritos retos e inclinados ao bem:

Bem-aventurados os pobres de espírito (isto é, os Espíritos simples e retos), porque deles é o Reino dos Céus. – Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. – Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. – Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. – Bem-aventurados os limpos de coração, porque esses verão a Deus. (Mateus, 5:1 a 12, Lucas, 6:20 a 25.)2

Percebe-se claramente, na pregação do Mestre, sua preocupação com a simplicidade e pureza do culto e dos sentimentos dirigidos diretamente a Deus.

Deus é Espírito e em espírito e verdade é que deve ser amado, cultuado e adorado, sem o culto exterior comum a quase todas as religiões. E no que se refere aos nossos semelhantes, as palavras de Jesus são concisas e precisas: “Amai o vosso próximo como a vós mesmos”.(Mateus, 22:39.)

O amor é o sentimento que devemos cultivar por todas as criaturas, independentemente de serem elas boas ou más, ricas ou pobres. A medida para esse amor que devemos estender à generalidade dos nossos semelhantes é aquele sentimento especial que cultivamos em nós mesmos, uma vez que fomos criados por Deus.

Alguns argumentam que não podem amar a quem não conhecem e a quem jamais conhecerão, dentre os bilhões de criaturas que vivem neste mundo e nas múltiplas Esferas Espirituais.

Torna-se necessário esclarecer que o amor ao nosso próximo é um princípio abrangente, uma lei divina aplicável em qualquer tempo, e assim, mesmo que desconheçamos hoje a imensa maioria de nossos semelhantes, o amanhã nos proporcionará novos relacionamentos e conhecimentos com criaturas das mais diferentes condições.

Como a vida é eterna, o princípio é válido para a atualidade, para o passado e para o futuro, em todas as circunstâncias que ela proporciona a cada individualidade.

A doutrina evangélica, resultante dos ensinos e dos exemplos de Jesus, registrados pelos diversos evangelistas, permaneceu através dos séculos como expressão inconfundível do espiritualismo, tão necessário à sustentação do Bem contra os males do mundo atrasado em que vivemos. A grandeza do Cristianismo e o seu poder moral resultam diretamente dos Evangelhos, da sua fidelidade aos ensinos de Jesus e dos esclarecimentos posteriores do Consolador, o Espiritismo, prometido e enviado pelo Mestre incomparável.

Essa doutrina, que os Evangelhos registram, contém uma parte secreta que vai mais longe que o assinalado na letra.

As parábolas e as ficções utilizadas por Jesus ocultavam concepções e realidades profundas que Ele preferiu deixar para revelações futuras, tendo em vista a dificuldade de entendimento de seus ouvintes e contemporâneos.

A ligação íntima entre os dois mundos – o dos encarnados e o dos desencarnados –, é uma das realidades, com a solidariedade e a comunicação possível entre os homens e os Espíritos, que o Mestre deixou para ser discutida em outra época.

A lei da reencarnação, referida em diversas passagens evangélicas e também no Velho Testamento, foi claramente mencionada na conversa com Nicodemos, quando Jesus afirma: “Em verdade te digo que, se alguém não renascer de novo, não poderá ver o Reino de Deus. [...]” (João, 3:3-8.)3

Ao que Nicodemos revidou, por não entender a possibilidade de uma nova vida em um novo corpo. Jesus não entrou em detalhes elucidativos, por compreender a dificuldade de atendimento do interlocutor.

Aliás, a incompreensão de há dois mil anos continua na atualidade, já que as próprias religiões ditas cristãs, com milhões de adeptos, negam a divina lei das vidas sucessivas, reafirmada pelos Espíritos superiores, à frente o Espírito de Verdade, trazendo a Terceira Revelação, o Espiritismo, que elucida essa e inúmeras outras questões de caráter religioso e científico, proporcionando à Humanidade uma melhor compreensão da verdade e da vida.

O grande erro das religiões predominantes no mundo resulta de uma falsa interpretação das leis universais, levando a maioria dos homens à acanhada ideia que fazem da Natureza e das formas da vida.

Exemplos desses erros milenares, que subsistem apesar das revelações trazidas pela Espiritualidade superior:

1. A criação da alma no momento do nascimento do ser humano com vida, conforme os ensinos das igrejas cristãs e de outras religiões tradicionais;

2. a existência do inferno eterno para os que praticam o mal, numa evidente negação do amor e da bondade de Deus. Poderíamos citar diversos outros ensinos religiosos contraditórios, mas bastam esses dois para demonstrar a necessidade da atualização das religiões quanto à verdade e à vida.

O Cristianismo primitivo – a Doutrina que Jesus trouxe à Humanidade – está exposto nos Evangelhos de seus discípulos. Mas foi o próprio Cristo que prometeu pedir ao Pai o envio de outro Consolador, para reafirmar os seus ensinos e trazer aos homens o conhecimento de coisas novas.

Já estando no mundo o Consolador, cabe aos homens reconhecê-lo e estudá-lo, pois nele estão o meio e a forma de seguir o Mestre e retificar os transvios e as más interpretações praticados no decurso de dois mil anos.

Juvanir Borges de Souza

Revista Reformador (FEB) - Ano 127 • Nº 2.169 • Dezembro 2009

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