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sexta-feira, 22 de maio de 2009

FAMÍLIA




Leda de Almeida Rezende Ebner



Resultante de um longo processo evolutivo do princípio espiritual junto ao princípio material, cada Espírito é uma individualidade, um ser independente, herdeiro de si mesmo, responsável pelo que de bom ou de mau desenvolve em si.

Ao renascer na Terra, o Espírito herda dos pais apenas o corpo físico. Recebe a influência desse corpo, dos meios familiar e social em que nasce e vive, mas é livre nas suas decisões, cedendo sempre às influências que mais se afinizem com as suas tendências.

Cada existência terrestre é então, muito importante para o desenvolvimento do Espírito, pela riqueza de experiências, de opções que ela lhe proporciona.

Partindo, pois, do processo reencarnatório, condição sine-qua-non da evolução do Espírito, podemos compreender que o parentesco familiar remonta às existências anteriores.

Imaginemos um Espírito, após suas primeiras (que podem ser muitas!) encarnações, já com alguma razão, algum discernimento, algum livre-arbítrio, vivendo já em família e vamos imaginá-lo reencarnando e desencarnando “n” vezes até hoje.

Essas inúmeras existências fizeram-no conviver com “n” famílias, com “n” pessoas, como esposos, pais, irmãos, amigos..., almas imortais como ele e, resultando dessas “n” existências, ligações, liames entre elas. Algumas dessas relações foram simpáticas, outras desagradáveis, dolorosas e outras indiferentes.

Como os Espíritos evoluem de acordo com o seu livre-arbítrio, evidentemente que muitos com os quais esse nosso Espírito se relacionou, evoluíram para graus mais elevados, outros continuam mais ou menos iguais a ele e outros estão mais atrasados.

Nesse longo tempo, esse Espírito conviveu em determinadas épocas com Espíritos ou grupos de Espíritos diferentes daqueles com os quais iniciou sua jornada.

Assim, nossa família atual pode nada ter a ver com as famílias com as quais convivemos num passado distante ou mesmo, próximo. Talvez, possamos estar juntos com alguns elementos, mais dificilmente com muitos.

Este raciocínio pode nos dar um “chacoalhão” em nossos sentimentos de posse afetiva. Mas, se pensarmos que o objetivo da nossa caminhada, como conseqüência da etapa evolutiva que estamos vivendo é: “AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO”, expressão moral da perfeição a ser conquistada, podemos perceber o quanto é necessário convivermos com pessoas e grupos diferentes que nos proporcionem condições mais amplas e variadas de aprendizado e desenvolvimento.

Compreendemos também que nossa família atual pode ou não ser parte da nossa família espiritual que se constitui de todas as pessoas com as quais convivemos e com as quais estabelecemos laços agradáveis de afeição.

A família consangüínea não cria, necessariamente e por si só, os laços espirituais.

A família, no sentido espiritual, é constituída por Espíritos que mantêm os laços espirituais antes, durante e após as reencarnações, mesmo estando em planos diferentes.

A família espiritual se dilata cada vez mais à medida em que o círculo de afeições se amplie.

Percebemos, pois, que cada reencarnação, proporcionando condições de aperfeiçoamento e equilíbrio de afeições já existentes e início de novas, amplia nossa família espiritual, da qual podemos perceber alguns elementos no lar, dentre os amigos...

E este raciocínio nos leva à compreensão da importância da família consangüínea, que reúne não somente os afinizados pela afeição e interesses comuns, como também os ligados pelos sentimentos negativos, amigos e adversários para que na convivência cotidiana, nas lutas, nas alegrias e tristezas, a harmonização se faça e se amplie na sublimação dos sentimentos amorosos, transformando os relacionamentos difíceis em agradáveis.

Cabe-nos, pois, todo o esforço na conquista e conservação da harmonização no lar, mesmo à custa de renúncias e sacrifícios a fim de que todos os elementos da família consangüínea passem a fazer parte da nossa já existente família espiritual.

Bibliografia:
O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec - cap. XIV item 8



Fonte: Jornal Verdade e Luz Nº 169 – Fev/2000

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